Mais do que um nome bonito ou um logotipo bem definido, a construção do branding envolve algo muito mais imponderável: a percepção que ele gera nas pessoas.
E, por mais que muita gente tente resolver isso somente com design e redes sociais, a verdade é que nenhuma marca se sustenta só com estética.
Branding é gestão de significado.
É o esforço estratégico de moldar como você será percebido — e lembrado.
Como estrategista de marca, eu costumo dizer que toda marca precisa começar com uma pergunta simples, mas poderosa:
Como queremos ser percebidos — e por quem?
Essa é a base do posicionamento de marca.
Existe uma citação que gosto muito, do livro The Positioning Playbook, de Ulli Applebaum:
“O objetivo de um posicionamento de marca é definir e comunicar o conjunto de associações que você deseja que os consumidores atribuam à sua marca.”
Isso é mais do que teoria. É prática estratégica.
É o projeto da percepção que você deseja construir.
Sem um posicionamento claro, as pessoas vão te perceber com base no que sobra: preço, comparação superficial ou suposições. Marcas mal posicionadas são esquecidas — ou confundidas.
Se você não posiciona a sua marca, o mercado faz isso por você.
Gosto muito dessa definição:
“Posicionamento é o ato de dar sentido para uma oferta, para um grupo de pessoas específicas, com experiência, repertório, necessidades e desejos específicos.”
Ou seja, você não vende para todo mundo.
Você escolhe para quem quer ser relevante — e molda o seu discurso, a sua entrega e sua identidade com base nisso.
Mas fazer isso exige uma palavra pouco glamourosa: renúncia.
“A essência da estratégia é decidir o que não fazer.” — Michael Porter
Portanto, para que tudo isso esteja alinhado ao posicionamento — e, por consequência, à percepção desejada —, costumo trabalhar com quatro pilares essenciais:
1. Alinhamento de objetivos
Negócio, marketing e comunicação precisam olhar para a mesma direção.
2. Compreensão do consumidor
3. Proposta de valor
Sua proposta precisa ser percebida como única e verdadeira — não apenas dita.
4. Personalidade da marca
Agora, imagine uma cafeteria local chamada “Grão do Vale”, conhecida na vizinhança pelo bom café, mas sem grande diferencial.
Ao passar por um processo de reposicionamento, ela decide se apresentar como uma cafeteria de origem consciente, com foco em sustentabilidade, rastreabilidade e relacionamento com pequenos produtores.
A nova percepção é imediata: a marca deixa de competir por preço e começa a disputar significado.
Muda o ambiente, muda o conteúdo nas redes, muda a conversa com o cliente.
O café continua ótimo — mas agora representa algo maior.
A forma como sua marca é percebida não acontece por acaso.
É consequência direta das decisões que você toma (ou evita tomar).
O branding estratégico transforma identidade em experiência, intenção em percepção, presença em valor.
Porque no fim das contas, você não é o que diz que é.
Você é o que as pessoas sentem quando pensam na sua marca.
0 comentários